Lido no brasileiro Globo, traduzido da espanhola EFE:
Tóquio, 27 jan (EFE).- O representante especial da ONU para os Direitos Humanos na Coreia do Norte, Vitit Muntarbhorn, afirmou hoje que as torturas pioraram no país comunista e que a ajuda alimentícia é utilizada para controlar a população, em entrevista coletiva em Tóquio na qual antecipou as conclusões prévias de um relatório.
Muntarbhorn conclamou “todo o sistema da ONU a atuar” e lamentou que não haja um compromisso político para que o Conselho de Segurança se pronuncie sobre os direitos humanos na Coreia do Norte.
“Cerca de 8 milhões de pessoas sofrem escassez de alimentos e o Programa Mundial de Alimentos dispõe de reservas para apenas 1,8 milhão”, afirmou.
Além disso, a Coreia do Norte mantém mais de 300 mil pessoas em campos de prisioneiros e de “reeducação” nos quais “pratica torturas e execuções públicas”, afirmou o enviado da ONU, de nacionalidade tailandesa.
“Segundo meus relatórios, algumas prisões são como povoados onde se retém gente de todas as idades”, assegurou.
O representante da ONU lembrou que a mulheres sofrem especialmente a discriminação da elite do país e são reprimidas duramente se tentarem comprar alimentos no mercado negro.
Quanto aos refugiados, assinalou que, embora no último ano tenha caído o número de norte-coreanos que tentam escapar do país pela fronteira com a China, “aumentaram os castigos”.
O Estado, que gira em torno da personalidade do dirigente Kim Jong-il, exerce um ferrenho controle de comércio de subsistência, o que aumenta a dependência do Governo.
O representante tailandês da ONU exigiu de Pyongyang “ações imediatas” em matéria de direitos humanos e insistiu que o país precisa esclarecer a situação de sequestrados.
Ainda falta esclarecer o paradeiro de 17 pessoas raptadas pela Coreia do Norte, a maioria japoneses sequestrados no litoral japonês.
O enviado da ONU reuniu-se esta semana em Tóquio com o ministro de Relações Exteriores japonês, Hirofumi Nakasone, e parentes dos sequestrados e refugiados norte-coreanos, e assegurou que o Japão deve manter medidas de pressão e diálogo com Pyongyang.
“Se um país que não é capaz ou não está disposto a proteger seus cidadãos corresponde às leis internacionais defendê-los e, portanto, esse país não pode argumentar interferência em sua soberania”, afirmou o representante da ONU. EFE