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Posts Tagged ‘Kim Il-sung’

[Rita Colaço/Coreia do Norte/2006]

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Para quem ainda não sabia, a Coreia do Norte tem um calendário próprio, ao ritmo do aniversário do Grande Líder.

Se Kim Il-sung fosse vivo (não sendo é como se fosse) faria hoje 101 anos, mas o calendário marca Juche 102. Kim Il-sung nasceu em 1912 e a partir daí começou o ano 1: Juche 1(Juche é um conceito criado por Kim Il-sung e que significa algo como “a Coreia por ela própria”).

Por isso, o ano de 2013  é para os norte-coreanos o ano de 102.

O dia é especial para (quase) todos os norte-coreaanos, mesmo para aqueles que fugiram do país. Quase todos os dissidentes que tenho entrevistado ao longo dos anos me dizem que Kim Il-sung é visto por todos como um herói. Como o homem que libertou a Coreia do Norte dos japoneses. Como o homem que trouxe prosperidade (até finais da década de 80) para o país. Já Kim Jong-il não reunia a mesma unanimidade e “adoração”.

Daí que o dia 15 de Abril seja, de facto, um dia especial para os norte-coreanos e, neste ano, para o mundo que espera em suspenso por um gesto perigoso de Kim Jong-un.

E porque hoje é dia 15 de Abril, ofereço-vos o remake sonoro da minha viagem à Coreia do Norte em 2006. Um retrato que apenas mostra a versão norte-coreana. Esta é a história tal como me foi contada.

(também podem ouvir aqui, mais ou menos ao minuto 29)

Ainda vos deixo a notícia publicada hoje pela KCNA e que, quanto a mim, traz um tom menos ameaçador e mais reconciliador.

 Pyongyang, April 15 (KCNA) — The dear respected

Kim Jong Un received a letter from the Central Committee of the Anti-Imperialist National Democratic Front (AINDF) on Monday, the birth anniversary of President Kim Il Sung.
The letter said: Thanks to the April 15 when the sun of Juche rose, the Korean nation could put an end to its history of distress interwoven with flunkeyism and national ruin, greet a new bright morning and take the road of eternal happiness and prosperity of the nation with spring sunshine given off from Mangyongdae.
The life of Kim Il Sung was an epic-like one of an invincible hero who clarified the truth that arms are a lifeline of the nation and guarantees the victory of revolution, restored the country by leading to victory the hard-fought battles against the Japanese and the U.S. imperialists under the banner of Songun and honorably defended the sovereignty of the nation.
He brightly indicated the path for national reunification by setting forth just and rational proposals and ways for reunification including the three principles of national reunification, the ten-point programme of the great unity of the whole nation and the proposal for founding the Democratic Federal Republic of Koryo.
The cause of the Songun revolution based on Juche is being successfully carried forward by you Marshal Kim Jong Un, who are identical to Kim Il Sung and leader Kim Jong Il.
In the letter AINDF vowed to glorify the idea of national reunification and leadership feats of Kim Il Sung and Kim Jong Il and vigorously advance for independent reunification, more deeply cherishing in mind the firm belief that Kim Il Sung and Kim Jong Il are always with the Korean people.
It also pledged to join the all-people resistance to frustrate the frantic moves of the hostile forces for a nuclear war and make positive contribution to bringing about a fresh turn in the efforts for national reunification in this significant year which marks the 65th anniversary of the DPRK and the 60th anniversary of the victory of the Korean people in the Fatherland Liberation War in response to the special statement of the government, political parties and organizations of the DPRK.
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O “Querido Líder” morreu há um ano, mas a sua generosidade permanece eterna, dirão os apaixonados pelo regime.

Por estes dias, o ex-governador do Novo México (EUA), Bill Richardson, e Eric Schmidt, da Google, visitaram a Coreia do Norte e ficaram espantados quando um estudante da Universidade Kim Il-sung, em Pyongyang, lhes mostrou como conseguia aceder ao motor de busca da Google e pesquisar por “cidade de Nova Iorque”, ou entrar na Wikipédia, ou entrar na página da Cornell University, uma universidade norte-americana.

O mesmo computador, a partir do qual esse estudante entrava no fantástico mundo do world wide web, tinha uma etiqueta indicando tratar-se de um presente do já falecido líder Kim Jong-il.

Ao ler esta notícia – curioso! – lembrei-me de como visitei, tantas vezes, tantos lugares na Coreia do Norte onde era suposto não estar ninguém ou então estar e ficar surpreendido: “que surpresa!”. Mas sempre – SEMPRE – havia um discurso preparado, o melhor fato do roupeiro vestido, a limpeza acabada de fazer…

Na Coreia do Norte aprendi que nunca nada é suposto ser. Ou melhor, é porque sim.

[Não sei se já vos pedi ;)), mas votem aqui no blogue “Coreia do Norte”, categoria “Actualidade Política  – Internacional]

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A Coreia do Norte já abastece o foguetão Unha-3, preparado para enviar para o espaço o satélite Kwangmyongsong-3. Dizem os norte-coreanos que a missão é pacífica e, como sinal de prova, convidaram alguns jornalistas estrangeiros a visitarem o país.

Para além disso, o novato líder Kim Jong-un soma e segue. Foi nomeado secretário-geral do Partido Coreano dos Trabalhadores mas, no encontro que reuniu a elite do partido, em Pyongyang, ficou também definido que o falecido Kim Jong-il seria o “eterno secretário-geral”. Também Kim Il-sung recebeu o título de “eterno presidente” da Coreia do Norte, após a sua morte em 1994.

Ora, entre tantos outros títulos, já se sabe que Kim Il-sung era também o “Grande Líder”, Kim Jong-il o “Querido Líder” e agora Kim Jong-un será conhecido como o “Grande Sucessor”.

O país do mais novo chefe de Estado do mundo anda ao rubro. O lançamento do satélite é como que um presente de aniversário para os 100 anos de Kim Il-sung, no próximo dia 15 de Abril. E é também a primeira vez que Kim Jong-un desafia a comunidade internacional.

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Eric Lafforgue é um fotógrafo francês que passa a vida a disparar olhares sobre o mundo e tem das fotografias mais belas e mais bem trabalhadas que eu já vi sobre a Coreia do Norte. Basta reparar nesta foto da estátua de bronze de Kim Il-sung. O primeiro ponto de paragem para um turista de visita à Coreia do Norte.

Agradeço ao Rui Bebiano que me indicou esta página. Espreitem! Vale mesmo a pena!

(basta carregar em cima da foto)

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Deixo aqui a notícia escrita pela Agência Lusa, com base num artigo da agência coreana Yonhap, a propósito de uma carta – curiosa – que Kim Il-sung escreveu em 1964.

Seul, 16 Nov (Lusa) – O antigo presidente norte-coreano, Kim Il-sung, falecido em 1994, era favorável a uma desnuclearização da península, mas apoiava o programa nuclear chinês, de acordo com arquivos chineses desclassificados, hoje citados pela agência sul-coreana Yonhap.

Numa carta dirigida em 1964 ao primeiro-ministro chinês da época, Zhou Enlai, Kim Il-sung apelava a uma desnuclearização da Coreia e a uma destruição das armas nucleares.

“A República Democrática Popular da Coreia (Coreia do Norte) defende invariavelmente que as armas nucleares devem ser totalmente banidas e destruídas”, considerou Kim, nesta carta datada de 30 de Outubro de 1964, consultada pela Yonhap nos arquivos nacionais de Pequim.

“O povo coreano estará ao lado dos outros povos, unidos à paz, de modo que seja conseguida uma total proibição e destruição das armas nucleares”, acrescentou o líder norte-coreano, pai de Kim Jong-il, actualmente à frente do regime comunista.

No entanto, noutras cartas, nomeadamente numa de 17 de Maio de 1965, dirigida ao presidente chinês Mao Zedong, Kim Il-sung felicitou Pequim pelos seus ensaios nucleares e defendeu este programa como medida defensiva contra a ameaça nuclear norte-americana.

A Coreia do Norte está actualmente envolvida num difícil processo de desnuclearização.

Pyongyang encerrou em Julho de 2007 o seu complexo nuclear de Yongbyon no âmbito de um acordo que prevê em contrapartida uma ajuda humanitária e energética ao país, que efectuou o seu primeiro teste de arma atómica em 2006.

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[Fotos de Rita Colaço – Nampo, Coreia do Norte, 2006]

Kim Il-sung sempre disse que todos os estrangeiros na Coreia do Norte deveriam ser olhados como potenciais espiões. O discurso do “Grande Líder” a 29 de Dezembro de 1979, na cidade portuária de Nampo, é bem exemplo disso.

Nampo estava a nascer naquela altura e Sung deixou esta teoria turística:

O turismo não deve ser feito sem controlo, com o pretexto de deixar que as pessoas vejam as vistas. Uma vez que ainda não reunificámos o nosso país, não podemos deixar os estrangeiros à solta no nosso país.” (…)

Quando Nampo se transformar numa cidade portuária moderna e internacional, muitas pessoas de países capitalistas vão poder visitá-la. Por isso, os cidadãos devem ser bem treinados. A educação dos cidadãos deve ser intensificada para preveni-los da contaminação de ideias capitalistas.”

Tive o privilégio de visitar Nampo e posso assegurar, Sr. Kim Il-Sung, que os seus ensinamentos têm sido seguidos à risca.

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É um dos grandes feriados da Coreia do Norte.

Hoje celebra-se o aniversário de Kim Il-sung. Se fosse vivo, o “presidente eterno” faria 96 anos (morreu em 1994).

Nesta data, o filho, Kim Jong-il, promove sempre uma série de generais. Este ano, dois foram promovidos a tenente-general e 33 a major-general.

Kim Jong-il prestou ainda homenagem no mausoléu onde está o corpo do seu pai.

Milhares de norte-coreanos depositaram flores aos pés da estátua de bronze de Kim Il-sung. Fica no centro da capital e é uma das primeiras paragens dos forasteiros, que devem fazer uma vénia à estátua. Visitei esta figura e o mausoléu.

Mais logo, prometo deixar aqui umas fotos.

 

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A Coreia do Norte não mudou nada desde a morte de Kim Il-sung, em 1994.

Kim Jong-il tem prolongado a filosofia Juche, o isolamento, a fome e pouco mais.

Há, porém, uma única e grande diferença: o carisma de um líder (com tudo o que este substantivo tem de bom e de mau).

Sung tinha carisma, Jong-il não tem, é trapalhão. Apesar disso, o regime de sufoco continua porque há uma herança do medo. Qualquer olho brilha na Coreia do Norte quando se fala do “Grande Líder”. O mesmo não acontece quando o tema é Kim Jong-il. Ninguém se atreve a dizer mal do “Querido Líder” mas os elogios são muito mais esfuziantes para o pai do que para o filho.

Depois da renúncia de Fidel Castro ouvi alguns especialistas em relações internacionais classificar o gesto do Comandante-em-Chefe como um sinal de abertura e de mudança para os cubanos. Não quero assinar sentenças de fracasso mas, com a saída de Fidel do palco, sai apenas de cena o carisma. A essência do regime continua lá.

Cuba circula numa espécie de poder de sangue em que Raul substitui Fidel mas não é Fidel.

Raul prometeu uma reforma gradual no sistema socialista e reconheceu, há tempos, que a ilha vivia num “excesso de proibições”. Claro que reconhecer isto já é muito. Também no último ano, na Coreia do Norte, Kim Jong-il pareceu estar mais aberto ao exterior.

No entanto, Cuba e Coreia do Norte podem seguir o caminho da China: abertura económica sim mas sempre com a mão-de-ferro do Estado por lá.

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