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Posts Tagged ‘Coreia do Norte’

Há uns anos, depois de regressar da minha viagem à Coreia do Norte, fui convidada a participar num programa de televisão (cujo nome prefiro não referir) e a primeira questão foi qualquer coisa como: “Então Rita, conta-nos, a Coreia do Norte é mesmo um país assustador, não é?”

De lá para cá, de uma ou de outra forma, a pergunta já me foi colocada 4567 vezes. E confesso que é a pergunta que mais me aborrece, porque ninguém tem pachorra para ouvir o necessário contexto da minha viagem e porque a minha resposta, qualquer que seja, será sempre controversa.

Quem ouve um “não, a Coreia do Norte não é um país assustador” pensa que  estou “feita com os gajos” ou questiona-se “como é possível dizer isso de um país que oprime as pessoas?”

Se responder que sim, que “é assustador”, lá vêm mais 433 pessoas dizer que me limito a reproduzir ideias feitas.

E ambos terão razão. Nem o não nem o sim são respostas boas. A pergunta, convenhamos, também não.

Uma resposta destas não se dá de supetão, mas tento resumir que julgo que apenas vi aquilo que me foi permitido ver; que claro que há muitas dúvidas que nos assaltam a cabeça durante uma visita à Coreia do Norte; que não vi fome declarada; que não vi ninguém a ser executado na rua; que vi bicicletas (outra ideia feita, de que não há bicicletas na rua); e que, apesar de tudo, conheci pessoas extremamente simpáticas e genuinamente boas (e talvez ingenuamente também).

Fechem os olhos. Qual é a primeira imagem da Coreia do Norte que vos vem à cabeça?

a) Kim Jong-un

b) Desfile militar

c) Armas nucleares

d) a pivô da televisão norte-coreana

Eu fecho os meus. E à minha mente vêm imagens como: a Miss Kim encantada com um chapéu de palha; o sorriso de menino de Pak Kwang-ung, enquanto dançava no karaoke de Pyongyang; o canto caloroso das cigarras à entrada de Panmunjon; as duas irmãs de mãos dadas, num passeio de domingo com o avô…

É por isso que é tão difícil escrever sobre a Coreia do Norte. Porque vi (eu vi!) imagens ternurentas e sei que fiz amigos para a vida (embora alguns nunca mais os vá ver) e, ao mesmo tempo, as mesmas imagens podem guardar segredos terríveis. Jamais saberei.

O que sei é que, vítimas do tempo e deste tempo, nós jornalistas habituámo-nos a escolher os caminhos mais fáceis, que pretendem ir ao encontro do imaginário das pessoas, em vez de seguirmos estradas de inclinação acentuada, que clarifiquem (ou mesmo que transformem) mentes menos exercitadas.

Faço um mea culpa. Ninguém é inocente. Mas uns serão condenados enquanto persistirem no erro, outros serão ilibados sempre que tentarem fazer melhor.

Desta vez, o programa de investigação “Panorama da BBC persistiu no erro com a reportagem “Undercover in North Korea”. Os repórteres infiltraram-se numa viagem de estudantes, dizendo que de outra forma, enquanto jornalistas, jamais conseguiriam entrar no país mais fechado do mundo. É a primeira de muitas mentiras. E aquilo que se vê nesta reportagem é apenas a repetição de uma fórmula já gasta.

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A Coreia do Sul está a acordar para o dia 11 e os editoriais de alguns dos principais jornais sul-coreanos espelham a gravidade da situação.

Korea JoongAng Daily

The government has announced that North Korea was behind the March 20 cyberattacks against three major television networks and two financial companies in Seoul.

A joint response team comprised of the government, military and civilian sectors said that a cyberattack unit under the Reconnaissance General Bureau of North Korea had committed malicious cyberterrorism on main servers and personal computers by erasing more than 48,000 documents after thoroughly preparing to plant malignant code for as long as eight months.

The Korea Herald

Bracing for the worst

What will it take for North Korea’s young, inexperienced leader to realize that his attempts to blackmail South Korea and its allies will not work and could instead put him on a slippery slope to ruin?

As his previous provocations, such as a nuclear test and missile launches, failed to intimidate Seoul and Washington, Kim Jong-un has started to play a new card ― the shutdown of the Gaeseong industrial complex.

But he should be careful what he wishes for. The closure of the complex, widely seen as a symbol of inter-Korean cooperation and the last exchange link left between the two Koreas, could prove to be his undoing.

Korea Times

Cyber warfare Seoul must review preparedness for new breed of attack

North Korea was pinpointed Wednesday as the perpetrator of a massive cyber attack that paralyzed more than 30,000 computers and servers at the nation’s banks and broadcasters last month.

The Ministry of Science, ICT and Future Planning said the series of cyber attacks on March 20, 25 and 26 resembled methods North Korea had attempted in previous cases. According to news reports, six computers in North Korea were used to access South Korean servers using more than 1,000 IP addresses overseas and 13 of those IP addresses were traced back to North Korea. Surprisingly, the attack had been planned for eight months before it was launched.

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Esta noite, quase meio a dormir, ocorreu-me que Kim Jong-un – rapaz tido como calmo e com algum mundo – poderá ver a guerra como o único meio para libertar um país oprimido há mais de 60 anos.

Tenho para mim que toda e qualquer guerra é estúpida.

Porém, será que se pode perdoar o mal que uma guerra faz pela (aparente) liberdade que ela possa trazer?

Gostava mesmo muito de ler os vossos comentários.

Aqui ou lá na página do Facebook.

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O actual embaixador do Brasil na Coreia do Norte, Roberto Colin, deu uma entrevista por email à Agência Brasil e com ela, uma vez mais, se sublinha o  clima de normalidade que se vive num dos países mais falados dos últimos dias. A entrevista é publicada aqui na íntegra, com os devidos créditos.

Agência Brasil (ABr) – O clima de tensão é presente no dia a dia do povo coreano?
Roberto Colin – O clima em Pyongyang [capital da Coreia do Norte] é de normalidade e nada se percebe de incomum na cidade. Tanto a imprensa escrita quanto a televisão têm dedicado espaço crescente à “construção econômica” .

ABr – O que vem a ser essa chamada “construção econômica”?
Colin – Há mais de uma semana, o jornal do Partido Comunista [norte-coreano], o Rodong Sinmum, dedica a primeira página exclusivamente às importantes decisões tomadas pela sessão plenária do Comitê Central do Partido dos Trabalhadores, no dia 31 de março, e da reunião da Suprema Assembleia Popular de 1º de abril quando, entre outras decisões, foi escolhido um novo primeiro-ministro, tido como reformista.

ABr – O senhor observou mudanças no comportamento das pessoas nas ruas e dos raros estrangeiros que vivem no país?
Colin – Nada parece ter mudado no comportamento da população local, nem dos poucos estrangeiros que aqui vivem. Naturalmente, a situação na Península Coreana é o principal tema de conversas nos encontros da comunidade.

ABr – Particularmente, como o senhor e sua família estão se preparando para uma eventual guerra envolvendo a Coreia do Norte?
Colin – Estamos em contato constante com nossos amigos no Corpo Diplomático, mas nada mudou em nossa rotina. Meu filho continua indo normalmente à escola coreana para estrangeiros que frequenta. Temos um abrigo subterrâneo na Embaixada do Brasil  e que esperamos não ter de usar. Também temos gerador próprio.

ABr – Autoridades norte-coreanas voltaram a procurar o senhor, depois do comunicado da última semana? O que disseram?
Colin – No domingo, dia 7, as Forças Armadas deram um briefing sobre a situação na Península Coreana, em que voltaram  a responsabilizar a “política hostil” dos Estados Unidos em relação à Coreia do Norte pela crise atual.

ABr – O senhor se comunica com o ministro das Relações Exteriores, Antonio Patriota, ou com  interlocutores dele com frequência, após o alerta do governo norte-coreano?
Colin – Estou em contato permanente com a chefia do Itamaraty desde o agravamento da situação. Para nós, são reconfortantes as  manifestações de solidariedade dos colegas do Itamaraty, a começar pela chefia, como também dos amigos e parentes. Meu funcionário, minha mulher e meu filho mostraram que são pessoas fortes e equilibradas, preparadas para os desafios próprios de nossa profissão.

ABr – Como o senhor faz para driblar a tensão pessoal, do seu funcionário e da sua família?
Colin – Eu vivi momentos de tensão e risco em Moscou, em 1993, com meu único funcionário, o oficial de chancelaria Antônio José dos Santos, também no Congo. Em ambos os casos, o perigo era visível. Aqui a situação é diferente, de incerteza, porque é difícil avaliar o risco que realmente existe. Na embaixada, procuramos seguir a rotina, com a demanda adicional de trabalho que a situação impõe.

ABr – Em caso de uma crise, será possível adotar um plano de evacuação para os brasileiros que estão na Coreia do Norte?
Colin – Os únicos cidadãos brasileiros que vivem na Coreia do Norte hoje são a mulher do embaixador da Palestina e sua filha caçula. Na embaixada, somos minha família [mulher e filho] e um funcionário administrativo. Não existe um plano de evacuação definido, mas em situação de emergência, a embaixada seria evacuada para Dandong, China, na fronteira com a Coreia do Norte, que está a quatro horas daqui por via terrestre.

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Qual é a dimensão da verdade quando a realidade está a 10 mil quilómetros ou apenas a alguns centímetros dos olhos?

Provavelmente, jamais saberemos. Porém, dois turistas acabadinhos de chegar da Coreia do Norte contam aqui as suas impressões.

Um deles, Patrick Thornquist, faz o resumo perfeito da dificuldade que é distinguir aquilo que se vê daquilo que se VÊ.

You try to grasp what is real and what is not. You’re trying to find that balance between what your media tells you and what they’re telling you because they’re very far off.

E mesmo VENDO/OUVINDO nunca teremos a certeza de como as coisas realmente são.

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Se Kim Jong-il fosse vivo, faria amanhã 71 anos. Ora, como amanhã devo estar ocupada e como este blogue já tem quase sete anos e, portanto, já aqui falei, pelo menos, seis vezes dessa data “bonita”, eis que este ano vos “presenteio” antecipadamente com um documentário sobre a mãe do “Querido Líder”: a Sô Dona Kim Jong Suk, uma “grande revolucionária”, de acordo com os livros norte-coreanos.

É isto.

[é impressão minha ou este post tem aspas a mais?]

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O “Querido Líder” morreu há um ano, mas a sua generosidade permanece eterna, dirão os apaixonados pelo regime.

Por estes dias, o ex-governador do Novo México (EUA), Bill Richardson, e Eric Schmidt, da Google, visitaram a Coreia do Norte e ficaram espantados quando um estudante da Universidade Kim Il-sung, em Pyongyang, lhes mostrou como conseguia aceder ao motor de busca da Google e pesquisar por “cidade de Nova Iorque”, ou entrar na Wikipédia, ou entrar na página da Cornell University, uma universidade norte-americana.

O mesmo computador, a partir do qual esse estudante entrava no fantástico mundo do world wide web, tinha uma etiqueta indicando tratar-se de um presente do já falecido líder Kim Jong-il.

Ao ler esta notícia – curioso! – lembrei-me de como visitei, tantas vezes, tantos lugares na Coreia do Norte onde era suposto não estar ninguém ou então estar e ficar surpreendido: “que surpresa!”. Mas sempre – SEMPRE – havia um discurso preparado, o melhor fato do roupeiro vestido, a limpeza acabada de fazer…

Na Coreia do Norte aprendi que nunca nada é suposto ser. Ou melhor, é porque sim.

[Não sei se já vos pedi ;)), mas votem aqui no blogue “Coreia do Norte”, categoria “Actualidade Política  – Internacional]

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…chegam várias notícias. A saber:

Uma agência da ONU  – a da Propriedade Intelectual – terá exportado material informático para a Coreia do Norte e também para o Irão.

A Secretária de Estado, Hillary Clinton, de visita ao Cambojda, diz que é preciso uma frente unida para tratar da desnuclearização da península coreana.

Desde 2006, os Estados Unidos já receberam 135 refugiados norte-coreanos. Mais 5 chegaram no passado mês de Junho.

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A Coreia do Norte já abastece o foguetão Unha-3, preparado para enviar para o espaço o satélite Kwangmyongsong-3. Dizem os norte-coreanos que a missão é pacífica e, como sinal de prova, convidaram alguns jornalistas estrangeiros a visitarem o país.

Para além disso, o novato líder Kim Jong-un soma e segue. Foi nomeado secretário-geral do Partido Coreano dos Trabalhadores mas, no encontro que reuniu a elite do partido, em Pyongyang, ficou também definido que o falecido Kim Jong-il seria o “eterno secretário-geral”. Também Kim Il-sung recebeu o título de “eterno presidente” da Coreia do Norte, após a sua morte em 1994.

Ora, entre tantos outros títulos, já se sabe que Kim Il-sung era também o “Grande Líder”, Kim Jong-il o “Querido Líder” e agora Kim Jong-un será conhecido como o “Grande Sucessor”.

O país do mais novo chefe de Estado do mundo anda ao rubro. O lançamento do satélite é como que um presente de aniversário para os 100 anos de Kim Il-sung, no próximo dia 15 de Abril. E é também a primeira vez que Kim Jong-un desafia a comunidade internacional.

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A Coreia do Norte estará prestes a lançar um míssil de longo alcance. De teste, dizem os norte-coreanos.

Repetem-se os argumentos e as críticas. A comunidade internacional a prometer isolar ainda mais o país; e a Coreia do Norte a sublinhar o seu direito a experimentar a sua produção balística.

O jornal The Telegraph publica imagens recentes que parecem indicar que o lançamento do míssil norte-coreano está para breve.

[imagem retirada daqui]

Imagem

Em declarações à agência de notícias Yonhap, uma fonte militar sul-coreana não identificada estima que o lançamento deste míssil custará qualquer coisa como 850 milhões de dólares. O suficiente para comprar duas toneladas e meia de milho chinês e alimentar toda a população norte-coreana durante um ano.

Mas, antes mesmo de um lançamento balístico que promete enfurecer a comunidade internacional, o Partido dos Trabalhadores vai eleger Kim Jong-un como o seu secretário-geral, cargo ocupado anteriormente pelo pai, Kim  Jong-il. A reunião (sempre) magna do Partido dos Trabalhadores  servirá também para preparar as celebrações do 100º aniversário de nascimento de Kim Il-Sung, o fundador da República Popular democrática da Coreia.

Depois do “Grande Líder” e do “Querido Líder”, Kim Jong-un é agora apontado como “o Grande Sucessor”.

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Quatro jogadores norte-coreanos estão “oficialmente ausentes” do mundial de futebol, desde o dia do jogo da Coreia do Norte com o Brasil.

Claro que a situação já está a levantar as vuvuzelas da desconfiança…fala-se em deserção e coisas que tais.

Mais logo, a equipa do “Querido Líder” promete esclarecer tudo em conferência de imprensa.

Já agora, a propósito do jogo com o Brasil, esta foi a notícia publicada pela KCNA (agência de notícias do regime):

Pyongyang, June 17 (KCNA) — After watching the Korean team’s first match with Brazil in Group G of the World Cup finals held early Wednesday morning (Pyongyang time), Pyongyang citizens are expecting that the national team will score good results in the tournament.

The match was telecasted Wednesday evening in Korea.

Feeling sorry about their team’s loss in the match, viewers have become convinced that it would win the remaining matches.

Pak Tu Ik, 74, who played a big role in defeating the Italian team in the 8th World Cup finals in 1966, told KCNA that he was happy to see the Korean team making a good job in the match with a powerhouse.

He went on:

At around the 88th minute of the match Ji Yun Nam kicked a nice goal after taking a pass from Jong Tae Se.

I hope that our team will produce a new myth of Songun Korea in the tournament to live up to the expectation of the Korean people.

Kim Yong Gyu, 45, a researcher of the Academy of Sports Science, said the strong mental power displayed by the Korean footballers in the first match with Brazil, which won the World Cup five times, betokens good results of the Korean team in other matches.

Han Song Chol, 23, a student of Korea University of Physical Education, said he was impressed by the Korean team playing the match with confidence and expressed his belief that it would beat Portugal and Cote d’Ivoire and enter the knock-out stage.

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Preconceitos

Li agora no blogue Jornalismo B e parece-me ser uma reflexão indispensável:

A Copa do Mundo tem sido uma boa oportunidade para a mídia hegemônica brasileira escancarar seus preconceitos e mostrar que respeito à diversidade não é, definitivamente, seu ponto mais forte. A reportagem de Marcos Uchôa que foi ao ar no Jornal Nacional do último sábado (12/06) é um enxame de desrespeito, ironia e ignorância – padrão Globo de qualidade.

Já na cabeça – chamada da matéria lida pelo âncora (no caso, Fátima Bernardes) – o treino da Coréia do Norte, primeiro adversário da Seleção Brasileira, foi chamado de “esquisito”. E isso foi o que de mais amistoso foi dito ao longo do minuto e meio que se seguiu. (continua…)

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Antes da partida, o jogador Jong Tae-se não conteve as lágrimas quando ouviu o hino da Coreia do Norte no estádio Ellis Park, em Joanesburgo.

O Brasil venceu a Coreia do Norte mas foi uma vitória com suor. Portugal que se ponha a pau!

Aqui ficam os golos!

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É hoje que a experiente selecção brasileira e a – quase verde – selecção norte-coreana se encontram em Joanesburgo para o primeiro teste de ambas as equipas neste Mundial de Futebol 2010.

Enquanto o jogo não começa, a equipa norte-coreana tem treinado num ginásio público de Joanesburgo. Embora discorde do tom jocoso deste vídeo, resolvi publicá-lo para que se perceba melhor que esta selecção, apesar de ter poucos recursos financeiros, pode surpreender. Mais uma vez.

Mas também leio na Globo que o “time titular do Brasil pra estreia nunca atuou junto num jogo oficial“. Por isso, é melhor não cair em excesso de confiança. É que os norte-coreanos têm um sentimento de união muito grande.

Os brasileiros, os portugueses e o resto do mundo é que conhecem mal a Coreia do Norte e há sempre muitas ideias feitas sobre aquilo que não se conhece. Ora ouçam – neste vídeo – as impressões que a Rádio Web Nassau recolheu nas ruas brasileiras.

A poucas horas do jogo, a FIFA está a trabalhar para que a população da Coreia do Norte assista ao jogo. Ao mesmo tempo, enquanto uns apelam à abertura, outros trabalham às escondidas. Dunga parece apostado em seguir a máxima: o segredo é a alma do negócio. Mas o “Rooney asiático” – o jogador norte-coreano Jong Tae-se – é que abre o jogo todo. Diz ele que a equipa da Coreia do Norte é parecida com a Alemanha.

Numa página de apostas, o Brasil é dado como favorito e até se fala em mais uma goleada. Eu que não percebo nada de futebol, achei muita piada a este texto:

No lado coreano, apenas mistério. Como disseram aqui no Brasil, se mistério ganhasse jogo, Gilberto Braga seria técnico da Seleção (referindo-se ao novelista Gilberto Braga, autor de novelas como Vale Tudo, culminada pelo mistério Quem matou Odete Roitmann). Nos jogos esse ano, derrotas para Nigéria e Paraguai, empate com a Grécia (que apresentou um futebol paupérimo em sua estreia) e um empate com a “potência” Turcomenistão. Se no Brasil, a maioria dos jogadores joga na Europa, a Coreia do Norte possui apenas 3 jogando fora do país : mesmo assim na China, Rússia e no Japão. Nenhum na Europa.

Pode ser patriotada, mas depois dos 4 X 0 da Alemanha teremos outra goleada nessa primeira rodada.

O Bola nas Costas é que resolveu fazer uma animação em vídeo sobre o embate desta terça-feira.

Para finalizar, deixo aqui um documentário sobre a Coreia do Norte com assinatura brasileira. Mais logo, que vença o melhor!

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Na Foreign Policy, o professor Daniel W. Drezner analisa a “cada vez mais insustentável situação de Israel” e – a páginas tantas – estabelece uma comparação entre aquele Estado judaico e a Coreia do Norte. Excluindo a questão do crescimento económico, escreve Drezner, muito mais é aquilo que os une do que aquilo que os separa:

Indeed, the parallels between Israel and — gulp — North Korea are becoming pretty eerie.  True, Israel’s economy is thriving and North Korea’s is not.  That said, both countries are diplomatically isolated except for their ties to a great power benefactor.   Both countries are pursuing autarkic policies that immiserate millions of people.  The majority of the population in both countries seem blithely unaware of what the rest of the world thinks.  Both countries face hostile regional environments.  Both countries keep getting referred to the United Nations.  And, in the past month, the great power benefactor is finding it more and more difficult to defend their behavior to the rest of the world.

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[Noon time, by Yang Myong Ryong, 1963]

Na capital austríaca está a decorrer uma exposição com mais de 100 pinturas sobre o dia-a-dia na Coreia do Norte. Para espreitar, aqui:

More than 100 oils, water colours and traditional Korean ink paintings, dating from the 1960s to the present day, have been brought from Pyongyang to Vienna’s MAK Museum for Applied Arts and Contemporary Art for the show, called Flowers for Kim Il Sung; Art and Architecture from the Democratic People’s Republic of North Korea.

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[Foto: Bernardo Dantas/Esp. Aqui PE/D.A Press]

Os comerciantes brasileiros dizem que o negócio à volta do futebol ainda está fraco. Em Pernambuco, todos esperam pela estreia da selecção canarinha no mundial de África do Sul, frente à Coreia do Norte, para ver crescer o consumo “verde e amarelo”.

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A selecção de futebol da Coreia do Norte já tem uma página de fãs no Facebook. Até à minha última espreitadela já ia com 81 membros! Quem quiser aderir basta carregar na imagem.

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Kim Jong-il chegou à China de comboio e dormiu num hotel coberto por um lençol branco… sim, o hotel. A cidade chinesa de Dandong parou. Até os jornalistas foram expulsos da cidade, ou não estivéssemos a falar de dois dos 40 “predadores da imprensa”. O que não pára é a polémica em torno do naufrágio do navio de guerra sul-coreano, em Março deste ano.

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[Foto: AP/ Karim Jaafar]

Definitivamente, a Coreia do Norte ainda não digeriu bem o mítico jogo contra Portugal, no Mundial de 1966.

Em entrevista ao site da FIFA, o treinador adjunto da selecção norte-coreana, Jo Tong-Sop, disse que os seus jogadores estão “particularmente interessados em derrotar Portugal“.

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Chama-se Kang Dong-rim, tem 30 anos e é sul-coreano. Trabalhou numa fábrica de semi-condutores da Samsung e, mais tarde, numa quinta de porcos no sul da Coreia do Sul.

Kang há muito que acalentava um sonho: viver na Coreia do Norte. Assim escreve a agência de notícias do regime norte-coreano, KCNA.

Ontem, o desejo (ou devaneio?) cumpriu-se. Sem confirmações do governo de Seul, mas badalado do outro lado da Península, Kang terá desertado para a Coreia do Norte, através da fronteira mais militarizada do mundo.

O caso é raro. Pyongyang sabe disso e por isso recebe Kang de braços abertos e oferece-lhe o guarda-chuva do “tratamento caloroso”.

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[Fonte: The Independent]sven eriksson

Parece que o treinador sueco Sven-Goran Eriksson esteve para ser o próximo técnico da Coreia do Norte, no Mundial de Futebol em 2010. No entanto, ao jornal britânico “The Independent“, Sven disse que esses rumores não são verdadeiros.

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A Coreia do Norte pediu desculpa à Coreia do Sul pelas cheias de Setembro que mataram seis sul-coreanos!

Neste clima de aparente mudança, leia-se aquilo que o jornal do regime norte-coreano escreveu ontem, a propósito do reinício dos encontros das famílias separadas pela guerra:

The reunion of separated families and relatives from the north and the south of Korea was successfully held at Mt. Kumgang resort on the occasion of the Harvest Moon Day this year. The reunion proved once again the inevitability of the implementation of the June 15 joint declaration and the October 4 declaration and offered an important occasion for putting spurs to the improvement of the inter-Korean relations in the direction of reconciliation and unity, cooperation and exchange.

It is the requirements of the era and the aspiration of the whole nation for the north and the south to fully cooperate in various fields including economy, social culture and humanitarianism as required by the historic June 15 joint declaration and the October 4 declaration.

The north and the south should continue to carry forward the atmosphere of cooperation and exchange, including the resumption of the tour of Mt. Kumgang and Kaesong and the revitalization of the Kaesong Industrial Zone, on the basis of the recent achievement.

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Horas depois de uma oferta sul-coreana para o diálogo, a Coreia do Norte testou cinco mísseis de curto alcance.

Será que isto é um sim?

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A Coreia do Sul vai hoje propor à Coreia do Norte uma reunião para tentar prevenir enchentes no Sul provocadas por barragens norte-coreanas.

A informação foi publicada pela Agência Yonhap, que cita fontes do Ministério da Unificação sul-coreano.

A oferta desta reunião de trabalho acontece depois da recente cheia no rio Imjin, na fronteira entre os dois países, que provocou a morte de seis sul-coreanos, depois da Coreia do Norte ter aberto uma barragem sem aviso prévio.

A Coreia do Sul também quer levar para este encontro a questão das famílias separadas pela guerra.

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hotel - depoishotel topo

O regime de Pyongyang anunciou, há tempos, que o famoso hotel inacabado de Pyongyang – Ryugyong – estaria em fase de reconstrução.

Olhando para estas fotografias recentes, parece que o topo deste gigante já tem janelas e que o país de Kim Jong-il segue no caminho do progresso. No entanto, “Coreia do Norte: um segredo de Estado” sabe que esta foto pode ser apenas uma ilusão de óptica. De acordo com informações apuradas, aquilo que se vê nesta imagem será um material que reflecte a luz para transmitir a impressão de vidro, mas não é. Quem visita Pyongyang, pode tirar fotografias ao hotel mas apenas a uma certa “distância de segurança”. Os visitantes não estão autorizados a aproximarem-se do hotel.

Porém, há mudanças que chegam, paulatinamente, à capital norte-coreana. Parece que as autoridades já não estão a reter os telemóveis dos visitantes à chegada ao aeroporto, até porque já devem ter percebido que os mesmos não funcionam na Coreia do Norte… Mas nas ruas de Pyongyang, já há norte-coreanos de telemóvel na mão. A rede, para já, ainda só é interna, mas vem confirmar a obra da Orascom Telecom (o gigante egípcio das telecomunicações).

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Lido na Angola Press:

Kuito – O director da Saúde no Bié, José Augusto Gonçalves, informou terça-feira, no Kuito, que o sector que dirige foi reforçado em 2008 com 40 médicos estrangeiros que contribuíram para o melhoramento da situação sanitária da província.

Em declarações à Angop, o responsável sublinhou que entre os médicos figuram profissionais vindos das repúblicas de Cuba, da Rússia, do Vietname, da Correia do Norte e da Coreia do Sul.

Os profissionais, segundo ele, são formados nas especialidades de medicina, pediatria, ortopedia, cirurgia, obstetrícia, ginecologia, oftalmologia, entre outras. 

Alguns destes médicos reforçaram o hospital central do Bié, e outros foram colocados em algumas unidades sanitárias municipais de referência.

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A eleição de Barack Obama promete uma nova era (também) para as Coreias.

Com a Coreia do Sul já ouve um contacto telefónico. O presidente Lee Myung-bak não precisou de tradutor para felicitar Obama e juntos prometeram gizar soluções para a península coreana.

Do lado da Coreia do Norte, ainda não houve contacto mas o director-geral do Departamento norte-coreano para as Relações com Washington, Ri Gun, disse aos jornalistas que Pyongyang está disposto a dialogar com qualquer governo norte-americano, independentemente da linha que Obama queira seguir em relação à Coreia do Norte.

Será que há um “yes we can” para esta península?

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1966 foi um ano histórico para o futebol norte-coreano e Portugal deixou um traço, também muito importante, nessa barra cronológica.

 

As duas selecções jogavam os quartos de final e a Coreia do Norte estava a vencer por 3-0.

 

Numa das maiores reviravoltas de sempre da história do mundial de futebol, Portugal conseguiu inverter o marcador e venceu por 5-3. Eusébio da Silva Ferreira marcou quatro golos.

 

Durante a minha viagem à Coreia do Norte, por várias vezes, o meu amigo Pak Kwang Ung falou-me desse jogo memorável e senti que, de certa forma, essa partida ainda deixa um amargo na boca dos norte-coreanos que, apesar de tudo, receberam esses jogadores de 1966 como heróis.

 

Essa brilhante prestação teve direito a um documentário realizado pelo jornalista britânico Daniel Gordon, autorizado pelo governo norte-coreano.

 

“The game of their lives” conta a história de um grupo de homens que acreditou num sonho.

 

O que este documentário não conta é aquilo que aconteceu depois a estes jogadores quando o jogo se inverteu.

 

Alguns foram expulsos das suas cidades depois de se verem envolvidos em batalhas ideológicas – a somar à derrota no jogo com Portugal – e foram levados para campos de prisioneiros políticos.

 

Kang Cheol Hwan – um antigo prisioneiro político na Coreia do Norte, que fugiu e agora trabalha como repórter na Coreia do Sul – diz que se lembra de ter visto o jogador Park Seong Jin no campo/prisão de Yoduk.

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Normalmente, não gosto de maçar os leitores com textos longos.

No entanto, não resisti a traduzir o inglês macarrónico da KCNA (Agência Oficial de Notícias da Coreia) e esta notícia com base no editorial do Rodong Sinmun. Pode ser uma explicação para o acordar de Yongbyon.

O comandante das forças norte-americanas, estacionadas na Coreia do Sul, disse que é necessário agilizar o processo para reforçar o contingente na Península Coreana. Entretanto, o departamento de Estado norte-americano apelou a uma aliança estratégica no século XXI, ao nível vice-ministerial, com os bonecos sul-coreanos.

Num comentário a tal comportamento, o Rodong Sinmun [Jornal do Partido Coreano dos Trabalhadores] escreve que isto é a prova de que os Estados Unidos estão a preparar um ataque à Coreia do Norte e a querer deixar para sempre as suas tropas na Coreia do Sul.

Os Estados Unidos clamam por uma solução pacífica em relação à questão nuclear na Península para criar a ilusão de que estão interessados nela. Mas os esquemas norte-americanos têm apenas como objectivo destacar rapidamente mais tropas para a frente coreana. Isto mostra, mais uma vez, que o apelo norte-americano para a calma em relação ao nuclear ou ao diálogo é apenas um truque para iludir a opinião pública, dentro e fora dos Estados Unidos, sendo que o único objectivo é atacar preventivamente a Coreia do Norte e este ataque significa uma guerra.

As forças norte-americanas estão sedentas de guerra e este apelo recente ao reforço das suas tropas na península é um sinal perigoso que pode provocar a segunda guerra Coreana.

O esquema norte-americano para um ataque iminente na Coreia do Norte é uma traição ao entendimento conjunto de 19 de Setembro, em que ambos os lados se comprometeram ao respeito mútuo e à coexistência pacífica; e é uma acção imprudente de anti-paz com o objectivo de trazer as nuvens escuras de uma guerra nuclear à península da Coreia.

As actuais forças da Coreia do Sul apoiam a estratégia de agressão dos Estados Unidos perante a Coreia do Norte e a Ásia. É por isso que os atacantes norte-americanos querem a presença permanente das suas forças na Coreia do Sul.

A realidade prova a validade da medida tomada pela Coreia do Norte para amparar as suas capacidades auto-defensivas.

A Coreia do Norte tem direito a escolher uma acção militar para auto-defesa.

Se os Estados Unidos optarem atacar, arrogantemente, a Coreia do Norte, cria-se uma situação muito séria, em que os responsáveis irão sofrer consequências.

As forças bélicas norte-americanas saberão muito bem quem é o seu adversário e irão perceber que o melhor será abandonarem o seu esquema imprudente de realizar um ataque preventivo.

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