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Posts Tagged ‘Armas Nucleares’

Há uns anos, depois de regressar da minha viagem à Coreia do Norte, fui convidada a participar num programa de televisão (cujo nome prefiro não referir) e a primeira questão foi qualquer coisa como: “Então Rita, conta-nos, a Coreia do Norte é mesmo um país assustador, não é?”

De lá para cá, de uma ou de outra forma, a pergunta já me foi colocada 4567 vezes. E confesso que é a pergunta que mais me aborrece, porque ninguém tem pachorra para ouvir o necessário contexto da minha viagem e porque a minha resposta, qualquer que seja, será sempre controversa.

Quem ouve um “não, a Coreia do Norte não é um país assustador” pensa que  estou “feita com os gajos” ou questiona-se “como é possível dizer isso de um país que oprime as pessoas?”

Se responder que sim, que “é assustador”, lá vêm mais 433 pessoas dizer que me limito a reproduzir ideias feitas.

E ambos terão razão. Nem o não nem o sim são respostas boas. A pergunta, convenhamos, também não.

Uma resposta destas não se dá de supetão, mas tento resumir que julgo que apenas vi aquilo que me foi permitido ver; que claro que há muitas dúvidas que nos assaltam a cabeça durante uma visita à Coreia do Norte; que não vi fome declarada; que não vi ninguém a ser executado na rua; que vi bicicletas (outra ideia feita, de que não há bicicletas na rua); e que, apesar de tudo, conheci pessoas extremamente simpáticas e genuinamente boas (e talvez ingenuamente também).

Fechem os olhos. Qual é a primeira imagem da Coreia do Norte que vos vem à cabeça?

a) Kim Jong-un

b) Desfile militar

c) Armas nucleares

d) a pivô da televisão norte-coreana

Eu fecho os meus. E à minha mente vêm imagens como: a Miss Kim encantada com um chapéu de palha; o sorriso de menino de Pak Kwang-ung, enquanto dançava no karaoke de Pyongyang; o canto caloroso das cigarras à entrada de Panmunjon; as duas irmãs de mãos dadas, num passeio de domingo com o avô…

É por isso que é tão difícil escrever sobre a Coreia do Norte. Porque vi (eu vi!) imagens ternurentas e sei que fiz amigos para a vida (embora alguns nunca mais os vá ver) e, ao mesmo tempo, as mesmas imagens podem guardar segredos terríveis. Jamais saberei.

O que sei é que, vítimas do tempo e deste tempo, nós jornalistas habituámo-nos a escolher os caminhos mais fáceis, que pretendem ir ao encontro do imaginário das pessoas, em vez de seguirmos estradas de inclinação acentuada, que clarifiquem (ou mesmo que transformem) mentes menos exercitadas.

Faço um mea culpa. Ninguém é inocente. Mas uns serão condenados enquanto persistirem no erro, outros serão ilibados sempre que tentarem fazer melhor.

Desta vez, o programa de investigação “Panorama da BBC persistiu no erro com a reportagem “Undercover in North Korea”. Os repórteres infiltraram-se numa viagem de estudantes, dizendo que de outra forma, enquanto jornalistas, jamais conseguiriam entrar no país mais fechado do mundo. É a primeira de muitas mentiras. E aquilo que se vê nesta reportagem é apenas a repetição de uma fórmula já gasta.

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Normalmente, não gosto de maçar os leitores com textos longos.

No entanto, não resisti a traduzir o inglês macarrónico da KCNA (Agência Oficial de Notícias da Coreia) e esta notícia com base no editorial do Rodong Sinmun. Pode ser uma explicação para o acordar de Yongbyon.

O comandante das forças norte-americanas, estacionadas na Coreia do Sul, disse que é necessário agilizar o processo para reforçar o contingente na Península Coreana. Entretanto, o departamento de Estado norte-americano apelou a uma aliança estratégica no século XXI, ao nível vice-ministerial, com os bonecos sul-coreanos.

Num comentário a tal comportamento, o Rodong Sinmun [Jornal do Partido Coreano dos Trabalhadores] escreve que isto é a prova de que os Estados Unidos estão a preparar um ataque à Coreia do Norte e a querer deixar para sempre as suas tropas na Coreia do Sul.

Os Estados Unidos clamam por uma solução pacífica em relação à questão nuclear na Península para criar a ilusão de que estão interessados nela. Mas os esquemas norte-americanos têm apenas como objectivo destacar rapidamente mais tropas para a frente coreana. Isto mostra, mais uma vez, que o apelo norte-americano para a calma em relação ao nuclear ou ao diálogo é apenas um truque para iludir a opinião pública, dentro e fora dos Estados Unidos, sendo que o único objectivo é atacar preventivamente a Coreia do Norte e este ataque significa uma guerra.

As forças norte-americanas estão sedentas de guerra e este apelo recente ao reforço das suas tropas na península é um sinal perigoso que pode provocar a segunda guerra Coreana.

O esquema norte-americano para um ataque iminente na Coreia do Norte é uma traição ao entendimento conjunto de 19 de Setembro, em que ambos os lados se comprometeram ao respeito mútuo e à coexistência pacífica; e é uma acção imprudente de anti-paz com o objectivo de trazer as nuvens escuras de uma guerra nuclear à península da Coreia.

As actuais forças da Coreia do Sul apoiam a estratégia de agressão dos Estados Unidos perante a Coreia do Norte e a Ásia. É por isso que os atacantes norte-americanos querem a presença permanente das suas forças na Coreia do Sul.

A realidade prova a validade da medida tomada pela Coreia do Norte para amparar as suas capacidades auto-defensivas.

A Coreia do Norte tem direito a escolher uma acção militar para auto-defesa.

Se os Estados Unidos optarem atacar, arrogantemente, a Coreia do Norte, cria-se uma situação muito séria, em que os responsáveis irão sofrer consequências.

As forças bélicas norte-americanas saberão muito bem quem é o seu adversário e irão perceber que o melhor será abandonarem o seu esquema imprudente de realizar um ataque preventivo.

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Notícia publicada há pouco no Diário Digital:

O provável candidato democrata à Casa Branca, Barack Obama, disse querer livrar o mundo das armas nucleares e pediu aos EUA que lutem contra as ameaças emergentes do terrorismo biológico e cibernético, o que incluiria uma posição mais agressiva contra o Irão e a Coreia do Norte, que mantêm programas nucleares.

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Em entrevista à Associated Press, o arquitecto do programa nuclear paquistanês, Dr. Abdul Qadeer Khan, disse que a Coreia do Norte recebeu do Paquistão um carregamento de centrífugas e equipamento para enriquecer urânio, no ano 2000.

Khan garantiu que foi tudo feito com o conhecimento do Exército paquistanês, comandado na altura pelo presidente Pervez Musharraf.

A entrevista de Abdul Khan foi feita por telefone uma vez que ele está em prisão domiciliária desde 2004, altura em que confessou ter sido o único responsável pela venda de tecnologia nuclear ao Irão, Coreia do Norte e Líbia.

Mas pelos vistos não é…

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