Foi publicado, pela primeira vez, em França, em 2000. A tradução portuguesa chegou no final do ano passado e é mais um dos livros da minha modesta biblioteca norte-coreana. Deixo o texto da contracapa:
Pyongyang, capital da Coreia do Norte, 1977. Kang Chol-hwan vive com a família num bairro privilegiado da cidade. Tem nove anos. Na escola, ensinam-lhe que o Grande Líder assegura o poder e a autonomia do país contra “as marionetas imperialistas de Seul”.
Os seus avós são favoráveis ao regime de Kim Il-sung: o avô chegou mesmo a doar a sua fortuna ao Partido do Trabalho. Contudo, o velho homem desaparece. Pouco depois, o resto da família é detida e internada no campo de Yodok, sem qualquer explicação.
Começa então um calvário que durará dez anos, o período da adolescência para Kang Chol-hwan. Animado por uma indignação que jamais o abandonou, ele faz a terrível descrição do inferno organizado. Crianças ou adultos, todos são submetidos ao mesmo regime: trabalhos forçados, vigilância contínua, lavagens cerebrais, humilhações sistemáticas e castigos desumanos, para além da fome, do frio e do seu cortejo de doenças.
Trata-se do primeiro testemunho, no Ocidente, do universo concentracionário norte-coreano, os bastidores de uma farsa ubuesca e fraudulenta concebida por um Estado megalómano e tirânico. Enquanto a fome e a corrupção devastam aquele derradeiro reduto estalinista, Kang Chol-hwan denuncia, com uma voz simples e intransigente, os efeitos de uma propaganda associada a uma ideologia assassina.