Esta semana, tive o prazer de conhecer o professor sul-coreano Byung Goo Kang que está em Portugal há 25 anos.
Kang é professor de coreano na Universidade Nova de Lisboa e assessor na Embaixada da Coreia do Sul em Lisboa. Pedi-lhe uma entrevista, porque tenho falado pouco neste blogue sobre a comunidade coreana em Portugal. É uma conversa que “Coreia do Norte: um segredo de Estado” publica em primeira mão para os seus leitores. Um presente, portanto!
Kang fala das suas paixões, da sua formação, dos primeiros coreanos que abraçaram Portugal, dos encontros na História e da Reunificação das Coreias que tarda em chegar.
Porque quando estava a acabar a escola secundária, um dos meus professores disse para escolher o curso de Estudos Portugueses, porque teria futuro daí a 10 ou 15 anos. Nessa altura, estava na moda o curso em Estudos Árabes porque havia muitas empresas sul-coreanas no Médio Oriente, na área da construção civil. Mas esse tal professor viu mais longe e recomendou a licenciatura em Estudos Portugueses e foi o que escolhi. Ele estava a pensar mais no Brasil, quando fez essa recomendação, mas ao longo da minha licenciatura fui ficando cada vez mais interessado na História de Portugal, sobretudo nos Descobrimentos porque a minha paixão sempre foi a História Universal. Ora, sendo Portugal o país pioneiro dos Descobrimentos, quis vir para cá aprofundar os meus conhecimentos. Um pouco antes de acabar a licenciatura, candidatei-me a uma bolsa da Fundação Calouste Gulbekian e lá vim para Portugal. Comecei mais por estudar a língua e a cultura portuguesas na Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa, durante um ano e meio e, depois, entrei no curso de Mestrado em História dos Descobrimentos e a Expansão Portuguesa, na Universidade Nova de Lisboa.
O clima é mais ou menos igual, por isso adaptei-me com facilidade. Na altura, também achei que a mentalidade do povo português era muito aceitável para um coreano, que é um pouco conservador. Depois, como cresci no campo, foi muito fácil adaptar-me porque Lisboa, mesmo sendo a capital de Portugal, não tinha nada a ver com a confusão de Seul. As pessoas eram simpáticas, não eram egoístas ou individualistas, que é uma característica do mundo ocidental. A dona da casa onde vivi os meus primeiros 10 meses e meio era muito simpática e apaixonei-me logo por Portugal.
Sim, é verdade. No entanto, a princípio nem me importei muito com isso porque o meu objectivo era ficar cá pouco tempo, até acabar o mestrado e o doutoramento e depois voltar à Coreia para dar aulas na universidade em Seul. Nesse sentido, só pensava em adaptar-me rapidamente, inclusive à culinária portuguesa, tentando esquecer-me da culinária coreana. Comecei a gostar do cozido à portuguesa, da dobrada, etc. No caso do bacalhau, foi muito difícil porque era um prato muito salgado e não conseguia comer. Mas tentei, tentei e agora gosto de todos os pratos portugueses!
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O que é que o fez vir da Península Coreana para a Península Ibérica e, concretamente, para Portugal?
Porque quando estava a acabar a escola secundária, um dos meus professores disse para escolher o curso de Estudos Portugueses, porque teria futuro daí a 10 ou 15 anos. Nessa altura, estava na moda o curso em Estudos Árabes porque havia muitas empresas sul-coreanas no Médio Oriente, na área da construção civil. Mas esse tal professor viu mais longe e recomendou a licenciatura em Estudos Portugueses e foi o que escolhi. Ele estava a pensar mais no Brasil, quando fez essa recomendação, mas ao longo da minha licenciatura fui ficando cada vez mais interessado na História de Portugal, sobretudo nos Descobrimentos porque a minha paixão sempre foi a História Universal. Ora, sendo Portugal o país pioneiro dos Descobrimentos, quis vir para cá aprofundar os meus conhecimentos. Um pouco antes de acabar a licenciatura, candidatei-me a uma bolsa da Fundação Calouste Gulbekian e lá vim para Portugal. Comecei mais por estudar a língua e a cultura portuguesas na Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa, durante um ano e meio e, depois, entrei no curso de Mestrado em História dos Descobrimentos e a Expansão Portuguesa, na Universidade Nova de Lisboa.
Já está em Portugal há 25 anos. Que diferenças e semelhanças tem encontrado entre o povo coreano e o povo português, sendo que partilhamos a mesma latitude (Paralelo 38)?
O clima é mais ou menos igual, por isso adaptei-me com facilidade. Na altura, também achei que a mentalidade do povo português era muito aceitável para um coreano, que é um pouco conservador. Depois, como cresci no campo, foi muito fácil adaptar-me porque Lisboa, mesmo sendo a capital de Portugal, não tinha nada a ver com a confusão de Seul. As pessoas eram simpáticas, não eram egoístas ou individualistas, que é uma característica do mundo ocidental. A dona da casa onde vivi os meus primeiros 10 meses e meio era muito simpática e apaixonei-me logo por Portugal.
E teve muitas saudades do kimchi?
Sim, é verdade. No entanto, a princípio nem me importei muito com isso porque o meu objectivo era ficar cá pouco tempo, até acabar o mestrado e o doutoramento e depois voltar à Coreia para dar aulas na universidade em Seul. Nesse sentido, só pensava em adaptar-me rapidamente, inclusive à culinária portuguesa, tentando esquecer-me da culinária coreana. Comecei a gostar do cozido à portuguesa, da dobrada, etc. No caso do bacalhau, foi muito difícil porque era um prato muito salgado e não conseguia comer. Mas tentei, tentei e agora gosto de todos os pratos portugueses!
E eu de todos os pratos coreanos! Mas porque ficou até hoje? Alguma paixão?
É verdade. Primeiro, o meu estudo demorou mais tempo do que o previsto e, além disso, comecei a gostar de viver em Portugal. Aqui é possível ter tempo de lazer e também arranjei muitos amigos. Depois, sobretudo, encontrei a mulher ideal, que é portuguesa. Infelizmente, ainda não tivemos filhos mas somos muito felizes. Tive a sorte de encontrar uma senhora muito simpática que me ama muito.
Actualmente, que funções ocupa?
Neste momento, continuo a dar aulas de Língua e Cultura Coreana na Universidade Nova de Lisboa. Começou como um curso livre para os alunos externos, em 1988, e hoje ainda é assim. Portanto, já dou aulas há 21 anos. Também é uma disciplina de opção para os alunos internos. Quando esse curso abriu em 1988, apareceram muitos alunos porque foi o ano dos Jogos Olímpicos de Seul, então os portugueses começaram a demonstrar mais interesse pela Coreia. Em 1988, o curso abriu com 15 alunos o que foi muito bom.
E há cada vez mais alunos nesse curso?
Não propriamente, porque depois dos Jogos Olímpicos de 1988 e do Mundial de Futebol da Coreia e Japão, em 2002, o número de alunos diminuiu bastante. Por exemplo, no ano lectivo de 2008/2009, tive só três alunos. Dois no nível básico e um no nível avançado.
Aquilo que sinto é que parece existir pouca divulgação da Coreia em Portugal? A que se deve isso?
É verdade. Acho que há vários factores que contribuem para isso. Há falta de envolvimento de várias entidades. A própria embaixada cá também não tem muitas actividades, embora acho que isso esteja a mudar. Antes de entrar para a embaixada como assessor cultural, em 2003, havia poucas actividades culturais, por isso recebi esse convite que aceitei e que acumulo com as aulas na Universidade Nova de Lisboa. O objectivo é estimular o intercâmbio cultural entre os dois países, para além da economia e da política. Neste momento, estamos a fazer mais trabalhos. De qualquer maneira, ainda é pouco. Por exemplo, com o pouco orçamento que tinha, Portugal conseguiu criar e gerir um instituto cultural português em Seul, junto à embaixada. Cá em Portugal não há nenhum centro cultural coreano, o que é pouco compreensível.
E essa iniciativa deveria partir de quem?
Claro que devia ser o governo sul-coreano a decidir, mas as empresas privadas também podiam apoiar. Por exemplo, temos cá a Samsung Electrónica, a LG Electrónica e a Halla, que é uma fábrica de produção de componentes de ar condicionado automóvel. Essas empresas também podiam dar uma ajuda na divulgação da cultura coreana em Portugal.
Acho que Portugal é menos conhecido na Coreia, mas isso também tem que ver com o tamanho da embaixada portuguesa em Seul, que tem menos diplomatas do que aqueles que temos cá. Mesmo assim, a embaixada portuguesa está a fazer um bom trabalho em Seul, organizando seminários, exposições e, de vez em quando, concertos de fado. Acho que isso é muito bom.
Falta ouvir por cá o gayageum (instrumento de cordas tradicional da Coreia)…
Exactamente! Por acaso, o actual embaixador – o Sr. Kang – está a pensar trazer o gayageum cá, no Dia Nacional da Coreia, a 2 de Outubro. Só que ainda não tem a certeza se vem cá alguém tocar ou não.
Qual é a dimensão da comunidade coreana em Portugal?
É quase uma comunidade simbólica, tendo em conta a população coreana. São cerca de 150 coreanos. Na sua maioria, são trabalhadores enviados pelas empresas sul-coreanas que estão representadas em Portugal e que, normalmente, regressam à Coreia passados três ou quatro anos. Apenas 50 pessoas são imigrantes coreanos a residir, de modo permanente, em Portugal.
E onde é que eles estão?
A maior parte vive aqui na zona de Lisboa, mas também há duas famílias nos Açores e uma família no Caramulo.
Essa família do Caramulo tem uma história muito engraçada…porque o Sr. Won foi um dos primeiros coreanos a vir para Portugal.
É isso mesmo. O senhor Won veio em 1972 para trabalhar como sexador de pintos. Um sexador é alguém especialista em distinguir o sexo dos pintos, o macho da fêmea. Se misturarem esses dois sexos, os pintos crescem muito lentamente. Se forem separados, crescem mais rápido. Com esse objectivo, os europeus convidavam os sexadores asiáticos, porque essa especialidade nasceu no Japão e depois os coreanos apreenderam-na rapidamente. O senhor Won foi, então, convidado por Portugal para trabalhar aqui como sexador e por cá ficou, casando-se com uma senhora portuguesa. Por acaso, o senhor Won é como o meu padrinho. Ele é que ofereceu a aliança de casamento a mim e à minha mulher.
Falou do primeiro coreano a fixar-se em Portugal…recuando na História, quando é que os coreanos e os portugueses se encontram pela primeira vez?
Os portugueses começaram a ir ao Oriente com Vasco da Gama, mas foi com Jorge Álvares que foram ao Extremo Oriente. Álvares começou a fazer negócios no mar da China e, a partir daí, muitos comerciantes portugueses sedeados em Goa desenvolveram essa actividade na Ásia. Em 1543, chegou um navio ao Japão, que marca o início das relações comerciais com Portugal. Anualmente, os portugueses enviavam um grande barco via Macau. De Goa para Macau e de Macau para Nagasaki, no Japão. Certa vez, um desses navios naufragou e chegou à costa coreana, à ilha de Jeju, em 1577. Esse é o ano que marca o primeiro contacto entre o povo português e o povo coreano. A narrativa dessa altura diz-nos que esse encontro foi muito infeliz para ambos os povos, porque a Coreia tinha a política de proibir a entrada de estrangeiros no seu território. Esse encontro teve um fim muito trágico porque os habitantes da ilha de Jeju mataram cinco tripulantes que chegaram a terra para arranjarem água e comida; e queimaram-lhes um pequeno barco que fazia parte do barco maior que estava ancorado no meio do mar. Ora, esses portugueses que estavam no barco maior, viram aquela matança e conseguiram fugir para Nagasaki, no Japão. Uma vez aí, falaram com os missionários jesuítas e um dos jesuítas italiano escreveu esse relatório para Goa e para Roma.
A História deve, certamente, guardar mais encontros entre Portugal e a Coreia. Queria centrar-me, agora, no presente. Ultimamente, a Coreia do Norte parece estar a dar sinais de mudança ou, pelo menos, de diálogo. Parece-lhe que há uma janela de oportunidade para a reunificação da Península?
Em poucas palavras, e a meu ver, o regime norte-coreano é de pouca confiança. Desde que as conversações entre as Coreias começaram em 1972 – já lá vão 37 anos – houve sempre avanços e recuos, mas esses avanços nunca aconteceram sem uma troca, sem exigências por parte da Coreia do Norte. Querem sempre alguma coisa para abrirem um pouco, depois recebem e fecham outra vez. Por isso, essa delegação norte-coreana que foi apresentar as condolências ao falecido presidente Kim Dae-jung também pode ser encarada de duas maneiras. Por um lado, é verdade que eles também respeitavam muito o antigo presidente sul-coreano, porque ele foi Nobel da Paz e fez muito para a aproximação das duas Coreias, pela democracia e pela paz no mundo. Por outro lado, com essa atitude, acho que eles também estavam à espera de alguma coisa.
Acha que foi um gesto de fachada?
Exactamente, porque eles sempre foram assim. É difícil distinguir entre aquilo que é verdadeiro e aquilo que é uma falsidade. A meu ver, é impossível confiar na Coreia do Norte, só com base nesses gestos. É preciso ver mais e também penso que a influência da China é fundamental. Como sabe, neste momento, a Rússia está muito mais afastada da Coreia do Norte e a China continua a manter relações. Tirando a China, não há nenhum outro país no mundo que apoie a Coreia do Norte.
Mas a China condenou o mais recente ensaio nuclear da Coreia do Norte…
A China condena de um lado e, se calhar, fica a rir no outro. Não mostra gargalhadas mas deve rir-se desses actos da Coreia do Norte, porque são sempre encarados como um desafio à América.
Como é que olha para a reunificação da Península Coreana?
Felizmente, não tenho nenhum familiar a viver na Coreia do Norte. Para mim, a reunificação é muito importante e fundamental para o desenvolvimento da Coreia e para a paz no mundo. A Alemanha conseguiu e quase todos os países já conseguiram acabar com o regime comunista. Só a Coreia do Norte mantém esse regime mas apenas pelo interesse dos dirigentes políticos, principalmente a família de Kim Il-sung, depois Kim Jong-il e, agora, esse Kim Jong-un. Aquilo é um regime monárquico comunista, uma coisa absurda. De qualquer forma, a reunificação é muito importante, porque a Coreia do Sul é a décima maior potência económica do mundo, mas só não tem ainda mais impacto porque tem de estar sempre preocupada com a defesa nacional, com a reunificação…é um peso muito grande para a Coreia do Sul. E a questão das famílias separadas pela guerra também é muito importante. Quando a guerra acabou, em 1953, os separados eram 10 milhões. Entretanto, já muitos faleceram, mas ainda existem muitos milhares separados, a que se somam os respectivos descendentes. Por isso é que defendo a reunificação. Porém, quanto a mim, a Coreia do Sul deve liderar esse processo como a Alemanha Ocidental liderou o processo de unificação com a Alemanha Oriental.
Quando diz isso, é porque defende que a reunificação avance sem a interferência dos Estados Unidos ou de qualquer outro país?
A meu ver, isso não é negativo, já que eles participam nas conversações a seis, sobre a questão nuclear. Além disso, acho que também estão a tentar ajudar no processo de unificação; eles, o Japão, a China e a Rússia. Penso que é uma mais-valia. No entanto, se as duas Coreias podem resolver essa questão entre si, não é necessária a intervenção externa. De qualquer forma, neste momento, sem a intervenção desses países é pouco provável que essa unificação venha a acontecer.
Já estivemos mais perto da reunificação?
Não digo que já estivemos mais longe. Penso que devemos estar cada vez mais perto, mas é um processo lento demais. Já andamos a conversar há 37 anos…
Mas não será uma pesada e perigosa herança para a Coreia do Sul, dada a fragilidade da economia norte-coreana?
Todos os sul-coreanos pensam que o processo de unificação não pode ser assim repentino. Tem que ter as suas etapas. Por isso é que a Coreia do Sul tenta ajudar a Coreia do Norte, para que o Norte se fortaleça do ponto de vista económico. Temos o complexo industrial de Kaesong e também investimos na Coreia do Norte, mandando turistas para a montanha de Kumgang, que fica do lado Norte. Tudo para que eles tenham mais divisa externa e riqueza. O complexo de Kaesong, por exemplo, tem tecnologia sul-coreana e os trabalhadores são norte-coreanos que estão a adquirir competências técnicas. Estamos a fazer este processo devagar, por etapas, só que muitas vezes existem os tais recuos que já mencionei.
O presidente que faleceu agora, Kim Dae-jung, começou com a política do sunshine – o raio do sol – e acho que foi uma ideia muito boa. Agora há muitos críticos dessa política…
Mas, com o actual presidente Lee Myung-bak, essa política está morta.
Não podemos dizer definitivamente que essa política morreu. Acho que ainda há esperança. Pode ser um pouco modificada ou moderada. Não tanto “esquerdista”, como dizem, mas se for moderada acho que podemos continuar. Considero-me também um pouco de direita, mas acho que a política do sunshine – para com a Coreia do Norte – tinha as suas vantagens. Claro que teríamos de adaptá-la às circunstâncias actuais, porque a Coreia do Norte fez, entretanto, testes nucleares e balísticos.
Sente-se mais coreano ou sul-coreano?
Quando estou na Coreia, sou sul-coreano. Quando estou fora, vejo-me mais como coreano. Muitas vezes, em Portugal, quando um desconhecido sabe que sou coreano, pergunta logo: é do Norte ou do Sul? E eu digo: sou coreano, porque como sabe a Coreia é uma Península e as duas Coreias partilham a mesma História e a mesma cultura. Até mesmo na Coreia do Sul, os jovens pensam da mesma maneira. Quando há um evento desportivo em que a Coreia do Norte participa com um terceiro país, os sul-coreanos apoiam a Coreia do Norte. Eu faço a mesma coisa. Por exemplo, em relação ao Mundial da África do Sul no próximo ano, ambas as Coreias foram apuradas e estamos todos muitos contentes. Se a Coreia do Norte tivesse sido eliminada, a maior parte do povo sul-coreano teria ficado triste. Por isso é que eu disse lá atrás que o problema está no interesse dos dirigentes políticos norte-coreanos que estão a reter esse processo de unificação. Não posso dizer que me sinta, a cem por cento, como fazendo parte de uma mesma nação, mas acho que a Coreia deve unificar-se o mais rapidamente possível. Não de forma abrupta, porque pode trazer muitos problemas. È um pouco contraditório, mas dentro do possível, a Península tem que ser rapidamente reunificada para sermos um só país.