Depois do polémico post sobre o soldado Young Jin Han, cumpre-me partilhar convosco este artigo muito interessante da revista The Economist sobre uma sociedade fechada onde estão a acontecer paulatinas mudanças. Onde o capitalismo começa a espreitar por detrás da cortina. Onde o dinheiro serve de suborno a quem não quer ter problemas. Onde os habitantes conseguem ter, cada vez mais, acesso às noticias do exterior e estão a perder o medo de partilhar informação.
De acordo com o mesmo artigo, esta última mudança tem dois efeitos. Por um lado, quem acede a essa informação consegue, naturalmente, perceber as discrepâncias no que se refere ao nível de vida e, portanto, começa a não ter problemas de consciência em secundarizar o “amor” ao regime, para dar prioridade ao dinheiro e ao contrabando de produtos vindos da China. Por outro lado, a nova torrente informativa dá uma nova perspectiva da Coreia do Norte aos chamados “outsiders”. Ou seja, quase todos nós.
E no meio de tantas novas perspectivas, destaco a da jovem norte-coreana Jeon Geum que fugiu do seu país em 2011. Fugiu, não porque passava fome, mas porque – graças à informação que ia obtendo ilegalmente (através de filmes sul-coreanos e americanos) – sonhava poder usar jeans, jóias e conduzir um carro desportivo vermelho, ao mesmo tempo que usava óculos de sol.
Alguns dirão que os sonhos desta jovem eram fúteis, mas Jeon chegou a ser detida pelas autoridades só porque, um dia, usou um chapéu de inverno onde estavam escritas as palavras “New York”. Saiu em liberdade quando a mãe, comerciante do mercado negro, ofereceu duas dúzias de maços de cigarros à polícia.