A Península da Coreia disse adeus ao Campeonato Mundial de Futebol, na África do Sul. Depois da Coreia do Norte, agora foi a vez Coreia do Sul, que perdeu por 2-1 frente ao Uruguai.
Depois do mundial de futebol, a Coreia do Norte prepara agora o jogo das cadeiras do poder. No início de Setembro, o Partido Coreano dos Trabalhadores vai eleger novos líderes, naquilo que pode significar o início do processo de sucessão de Kim Jong-il (obrigada Francisco pela sugestão).
Este fim-de-semana, a Coreia do Norte recebeu mais uma condenação pelo ataque à corveta sul-coreana, em Março. O G8 (grupo dos sete países mais desenvolvidos, mais a Rússia) assinou um documento, onde se pede que sejam tomadas as “medidas apropriadas” contra os responsáveis.
A Coreia do Norte continua a negar o ataque mas diz estar disposta a falar sobre o assunto com a Coreia do Sul, sem meter os Estados Unidos ao barulho.
O presidente Obama continua a ter milhares de soldados na Coreia do Sul e, em caso de guerra, as operações seriam controladas pelos Estados Unidos. A cedência desse controlo para as mãos sul-coreanas estaria prevista para Abril de 2012 mas, tendo em conta actual o clima de tensão (será que não foi sempre assim?), o prazo foi novamente adiado para 2015.
Os Estados Unidos andam a aborrecer de tal forma a Coreia do Norte, que o regime do “Querido Líder” está a jogar – mais uma vez – com o argumento do prisioneiro.
O norte-americano Aijalon Mahli Gomes está preso, desde Janeiro, por entrar ilegalmente na Coreia do Norte. Mas o caso parece estar a ser mais difícil de resolver do que o das duas jornalistas norte-americanas, Lisa Ling e Euna Lee. Os Estados Unidos pediram a libertação de Gomes, mas a Coreia do Norte vem agora dizer que até está é a pensar em aplicar uma pena mais pesada a Aijalon Mahli Gomes. Esta é a notícia publicada pela KCNA, a agência de notícias norte-coreana:
Pyongyang, June 24 (KCNA) — The U.S. is escalating the campaign to put international pressure upon the DPRK while persistently antagonizing the DPRK over the “Cheonan” case. Such moves have gone beyond the tolerance limit.
The DPRK had already solemnly declared that it would consider the prevailing situation as a war phase and handle all relevant issues according to a wartime law.
An institution concerned is now examining the issue of what additional measure it will take against American Gomes in line with a wartime law. He is serving a prison term in the DPRK for the encroachment upon its sovereignty.
The U.S. government is requesting the DPRK to leniently set him free from a humanitarian stand, but such thing can never happen under the prevailing situation and there remains only the issue of what harsher punishment will be meted out to him.
If the U.S. persists in its hostile approach toward the DPRK, the latter will naturally be compelled to consider the issue of applying a wartime law to him.
E em Pyongyang está nesta altura uma delegação portuguesa da juventude comunista e também Tiago Vieira, que é o presidente da Federação Mundial da Juventude Democrática (julgo que Tiago é português). Juntamente com outras delegações, estão a preparar 17º Festival Mundial da Juventude e Estudantes. A KCNA informa:
Pyongyang, June 24 (KCNA) — Tiago Alexandre Ferraz Vieira, president of the World Federation of Democratic Youth, and his party, delegations and delegates of youth and student organizations from different countries and regions arrived here today to participate in the second international preparatory meeting for the 17th World Festival of Youth and Students and the international solidarity events of youth and students for support to the just cause of the Korean people.
Olá, Rita…
Então vamos aos comentários do dia! 😀
Por pontos:
É um avanço os “media” ocidentais reconhecerem que o conceito de “eleições” não é completamente estranho aos norte-coreanos. Imagino que se trate de uma “cópia pirata” do modelo de centralismo democrático, mas estou apenas a especular.
O G8 condenou formalmente a Coreia Do Norte por um ataque que os últimos garantem não ter perpetrado. Nenhuma comissão que se possa considerar realmente internacional, multidisciplinada e independente dos principais interessados investigou ou emitiu uma opinião sobre o caso. Que eu saiba (e posso estar apenas mal informado) a ONU ainda não tomou a mesma atitude.
Em caso de guerra as operações seriam controladas pelos Estados Unidos. Isto diz muito sobre a soberania da Coreia Do Sul e talvez dê algum sentido à ideia de duas coreias. A Coreia dos que querem ser governados pelo estrangeiro e a Coreia dos que não querem (sei que estou a ser simplista, mas é apenas para que se perceba).
Mais facilmente a Coreia Do Norte liberta o prisioneiro norte-americano numa base humanitária do que os norte-americanos libertam os prisioneiros que mantêm e torturam ilegalmente em Guantanamo, sem acusação formada e cujas identidades nem sequer se conhece.
Se Guantanamo ficasse na Coreia Do Norte ou no Irão gostava de saber o diriam os falsos paladinos dos direitos humanos e da democracia.
Quanto à JCP, espero que tragam de lá informações que nos ajudem a todos a compreender melhor a Coreia Do Norte.
Abraços.
Ia comentar o comentário anterior, mas depois apercebi-me que ele fala por si próprio, e não pede informação extra – é explícito q.b.