Regressei a Portugal mas ainda estou a refazer-me do desgraçado do jet lag.
O meu computador voltou a estar em forma e, por isso, já posso contar os últimos dias da viagem na Coreia do Sul.
Tínhamos ficado em Busan.
Na segunda maior cidade sul-coreana, visitámos o quinto maior porto do mundo. Aberto 24 horas por dia, este porto tem a vantagem de ficar entre a China e o Japão e de receber navios cargueiros de todo o mundo. No entanto, os contentores, os terminais, os navios, as gruas e os camiões transmitem uma imagem desorganizada. Os habitantes não gostam. Dizem que é feio. Por isso, a autoridade portuária de Busan já tem um projecto para reabilitar a área norte do porto. Até 2020, vão nascer aqui áreas verdes, espaços públicos e comerciais para devolver as margens à população e atrair os maiores navios cruzeiros do mundo. A foto seguinte foi tirada pela minha colega Dominika, da Polónia, que me apanhou de objectiva na mão (thank you!).
Em Busan, visitei o mercado mais fantástico de toda a minha vida. No mercado de Jagalchi há peixinho fresco para todos os gostos. Os clientes podem escolher o que quiserem e comem logo ali um belo prato cozinhado na hora. Três belas ostras (mesmo muito grandes) podem custar cinco euros.
Depois de mais um par de entrevistas e visitas-relâmpago, deixei Busan para apanhar mais um voo para a ilha de Jeju.
Os coreanos dizem que Jeju é uma espécie de Havai.
Nunca fui ao Havai, mas parece-me uma comparação forçada, até porque nem na ilha de Jeju os coreanos dispensam uma boa construção em altura…
Em termos administrativos, podemos comparar Jeju à Madeira ou aos Açores. É a maior ilha sul-coreana, de origem vulcânica, e é a única região autónoma da Coreia do Sul. Aqui fica uma imagem sem prédios. Bonita.
Em Jeju, participámos (eu e os jornalistas europeus) num seminário com jornalistas sul-coreanos. Fizemos um resumo das impressões sobre a viagem na Coreia do Sul e ainda contámos como cada um dos países europeus trata do assunto “Coreia” nos diferentes órgãos de comunicação social. No fundo, a Coreia do Sul aparece quase sempre nas notícias como um apêndice da Coreia do Norte. Esta foi a conclusão geral.
No dia seguinte, conheci as “mulheres-mergulho” ou Haenyeo. “Hae” significa mar e “nyeo” significa mulher.
As Haenyeo são o retrato da sociedade matriarcal na ilha de Jeju. Aqui são as mulheres que mandam e que trabalham.
Jeju até criou um museu dedicado a estas mulheres.
As Haenyeo buscam o sustento do lar na água, a 20 metros de profundidade, conseguindo suster a respiração por mais de dois minutos. Estão nisto mais de nove horas por dia. Pescam conchas, ostras, peixes, polvos…tudo o que vier à rede destas mulheres é sinónimo de salário. Chegam ao fim da vida com audição limitada, graças aos anos contínuos de cabeça submersa.
Numa pequena enseada de Jeju, um grupo de Haenyeo já só repete a actividade uma vez por dia, para mostrar aos turistas. Mas ainda existem cerca de quatro mil “mulheres-mergulho” na ilha de Jeju.
Depois deste “Regresso à Península”, o blogue “Coreia do Norte: um segredo de Estado” volta à actividade normal, porém, muito mais rico!
Não desapareçam! Obrigada!