[Foto de Jerónimo de Sousa: Alberto Frias / Expresso]
Lisboa, 29 Nov (Lusa) — O PCP defende o reconhecimento do direito da
China e da Coreia do Norte a decidirem os seus destinos, mas alterou o texto
do projecto de resolução política para acentuar as discordâncias de princípio
face àqueles modelos.
No capítulo sobre análise da situação internacional, as teses do PCP,
que serão aprovadas no XVIII Congresso, estabelecem como “importante realidade
do quadro internacional”, os países que “definem como orientação e objectivo
a construção duma sociedade socialista”.
São os casos, refere o documento, de Cuba, China, Vietname, Laos e República
Democrática da Coreia (Coreia do Norte).
Na versão proposta a debate no partido, antes do Congresso, dizia-se
no texto que “independentemente das avaliações diferenciadas em relação
aos caminhos e às características destes processos”, o PCP considera fundamental
reconhecer e assegurar o direito dos povos destes países a “decidir livremente
sobre o seu próprio caminho”.
Na versão proposta hoje ao Congresso, já depois de admitidas as alterações,
o PCP vai mais longe nas ressalvas, ao afirmar que aqueles processos de
construção socialista “exigem permanente e cuidada observação e análise”.
Para além das “interrogações e inquietações” do PCP perante os modelos
daqueles países, acrescentou-se que existem mesmo “discordâncias, por vezes
de princípio”, tendo em conta “a concepção programática própria do PCP de
socialismo para Portugal”.
“O PCP considera que não há vias únicas de transformação social e reafirma
o inalienável direito destes países e dos seus povos, como de todos os povos
do mundo, a decidir livremente sobre o seu próprio caminho”, referem as
teses.
Ao todo, foram “acolhidas e consideradas, no todo ou parcialmente, mais
de 550 alterações ao projecto” proposto a debate, o que “traduz uma aceitação,
no todo ou em parte, da larga maioria das propostas apresentadas”, referiu
Luísa Araújo, da comissão política do PCP.
No relatório da comissão de redacção, Luísa Araújo explicou que foram
rejeitadas, entre outras, propostas que visavam “eliminar a referência por
inteiro da ideia ou a enunciação dos países que, definindo como orientação
e objectivo a construção do socialismo, resistem à ofensiva imperialista”.