[Foto de AFP]
Shin Dong-hyuk escreveu um livro perturbador.
Nasceu no campo prisional nº14, na província de Pyongan do Sul, a norte da capital, Pyongyang, em 1982. O pai de Shin foi preso em 1965, depois de dois dos seus irmãos terem tentado fugir para a Coreia do Sul. Quem foge deixa um castigo para os familiares. Na apresentação do livro, ontem em Seul, Shin enviou uma mensagem a Kim Jong-il: “gostava que tentasse viver, nem que fosse por uma hora, num campo prisional”. Aos 14 anos, foi obrigado a assistir à execução da mãe e do irmão, que tinham tentado fugir do campo.
Em 2004, travou amizade com um rapaz, Park, que lhe trouxe uma visão do mundo exterior. Um ano depois, foi-lhes atribuída a tarefa de apanhar lenha, perto da cerca de arame farpado, no perímetro do campo prisional. Nem hesitaram. Tentaram fugir pela rede de arame, mas Park ficou entalado. Shin continuou a fuga, mas ainda hoje guarda as cicatrizes desse momento (ver foto). Mais tarde, conseguiu subornar com arroz um guarda norte-coreano, junto à fronteira com a China. Há um ano, chegou à Coreia do Sul.
Shin conta agora que não conhecia a palavra justiça. A fome, os trabalhos forçados e a curiosidade foram os motivos da fuga. Só ficou mais perto de perceber o que são direitos humanos quando chegou a Seul. Aí pôde olhar e fazer comparações.