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Archive for Novembro, 2006

Alvorada

Hoje mostro o que os meus olhos viram no primeiro acordar em Pyongyang, às sete da manhã.

No 19º andar do hotel Sosan, despertei com um som. Lá fora, um grupo de militares marchava a cantar. Agarrei na máquina fotográfica, abri a janela e filmei durante 18 segundos a alvorada norte-coreana.

[Vídeo de Rita Colaço, criado a 13 de Agosto de 2006]

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Pak

Este é o primeiro de muitos retratos de Pak Kwang Ung.

Tem 53 anos e é o secretário-geral do Comité de Relações Culturais com o Exterior.

O primeiro contacto com Pak, no aeroporto de Sunan, foi feito com um “obrigadinho”. A única palavra em português que este norte-coreano sabe dizer. Esteve dois anos em Cuba a estudar Física e já esteve em Portugal.

Custa entrar no cofre de Pak. Vou falar dele mais vezes. Para já, digo apenas que Pak tem coração grande. Pela hospitalidade: gamsa hamnida (obrigada em coreano).

[Foto: R.C., de 14 de Agosto de 2006, Pyongyang]

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Kim Jong-Il dixit

 

Na minha navegação pelo caudal coreano, fui desaguar ao Naenara (pró-regime) e daí ainda lancei âncora ao Korea Today, um jornal mensal sobre as façanhas norte-coreanas.

Na edição 605, do mês 11, do ano 95, vem a habitual coluna com as citações de Kim Jong-Il.

Aqui deixo uma tradução das lições do, assim chamado, “Querido Líder”, seguidas de uma foto que tirei a 17 de Agosto, no Palácio das Crianças, em Pyongyang.

– Aquele que raramente toma conta das suas próprias coisas dificilmente será um patriota genuíno.

– A maior alegria dos homens está na criação.

– Toda a criação bonita e grande é o produto do trabalho.

– A beleza é a aspiração e o desejo das massas populares.

Na parede da sala, estão dois retratos: à esquerda está Kim Il-Sung

(o grande líder) e à direita está o filho Kim Jong-Il.

[Foto: R.C., de 17/08/2006]

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Rock em Pyongyang

O site britânico Voice of Korea está a anunciar um festival de rock em Pyongyang, capital da Coreia do Norte, com o nome “Rock for Peace”. E parece que o governo da República Popular Democrática da Coreia aceita a iniciativa de Jean-Baptiste Kim, com berço na Coreia do Sul e nacionalidade francesa.

A ser verdade, é a primeira vez que este país autoriza a entrada de música de países capitalistas. Parece que todos estão convidados a tocar neste “Woodstock” norte-coreano, até mesmo bandas norte-americanas.

Claro que há algumas restrições. O conteúdo das letras não pode apelar à guerra, ao sexo, à violência, ao crime, a drogas, ao imperialismo, a organizações não-governamentais, ao colonialismo, ao racismo…O mais importante é não cantar contra a Coreia do Norte e o Socialismo.

Este festival não seria, certamente, para Janis Joplin.

Bom, ainda sem festival, deixo aqui uma aula de dicção no Palácio das Crianças em Pyongyang. Música para os ouvidos de Kim Jong-Il.

[vídeo de Rita Colaço, criado a 17 de Agosto de 2006]

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Jo Gum Nyo

Aqui está mais um vídeo muito, muito curto (direitos reservados a Rita Colaço).  É de Jo Gum Nyo. Uma senhora de 78 anos que vive numa quinta comunitária, nos arredores de Pyongyang.

Aparece aqui acompanhado da reportagem publicada no Jornal de Notícias, a 24 de Setembro.

 Ano d.K., depois de Kim Il-Sung

Agosto não é tempo de colheita do milho.

Jo Gum Nyo, 78 anos, está à porta de casa. Aproveita para estender a roupa.

É uma camponesa que vive e trabalha na quinta comunitária de Mangyongdae, nos arredores de Pyongyang. Os campos vivem agora o descanso do pousio e os 1100 trabalhadores desta quinta renovam as habitações.

Jo Gum Nyo inclina a cabeça, em sinal de cumprimento. Estica a mão e convida a entrar em casa. Pede-me para tirar os sapatos. A sala está decorada pelo tempo. O relógio marca 11 horas e 40 minutos da manhã. Na parede, atrás do sofá, estão três calendários. É dia 16 de Agosto do ano 95. Uma espécie de ano d.k., depois de Kim Il-sung. Os norte-coreanos vivem ao ritmo do aniversário do grande líder, nascido há 95 anos. [continua texto após vídeo]

 

Kim Il-sung morreu há 12 anos, mas é o presidente eterno da República Popular Democrática da Coreia. Chefiou um exército revolucionário contra a ocupação japonesa, de 1910 a 1945. É lembrado como o libertador da pátria. “Graças ao empenho do grande líder Kim Il-sung, agora vivo feliz”, afirma Jo Gum Nyo.

Jo nasceu na Coreia do Sul e foi para a Coreia do Norte aos oito anos. “Vim do sul para o norte porque era pobre lá. Não sei nada da minha família porque vim para cá muito nova. Nem sequer sei quando é que faço anos”, lamenta.

Jo Gum Nyo vive sozinha. Perdeu o marido na guerra das Coreias, entre 1950 a 1953. “Foi morto pelos americanos, sem ter culpa”. Mas a grande mágoa de Jo está na divisão. Antes da guerra, a Coreia era apenas uma, agora são dois Estados para uma nação. “Desejo a reunificação do nosso país, mas por causa dos Estados Unidos da América não podemos estar juntos”, remata.

De acordo com a Cruz Vermelha sul-coreana, a guerra das Coreias separou mais de 750 mil famílias. Pela primeira vez, há 6 anos, o norte abriu as portas a cem idosos do sul, para que pudessem visitar as famílias. O mesmo aconteceu do outro lado, resultado das negociações entre o líder norte-coreano Kim Jong-il (filho de Kim Il-sung) e Kim Dae-Jung, então presidente da Coreia do Sul.

A sul, as famílias foram escolhidas por sorteio. A norte, a selecção seguiu critérios do governo. Jo Gum Nyo ainda não foi seleccionada.

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Cantares da Coreia

Parece incrível mas elas cantam. Elas, as militares norte-coreanas.

É um vídeo curtíssimo – por força das circunstâncias -, que tive oportunidade de filmar com uma máquina fotográfica, em Agosto deste ano, à entrada das grutas, nas montanhas de Myonyang. Após estes cantares inesperados voltou a ser expressamente proibido tirar fotos ou o que quer que fosse.

Este video também está disponível no you tube, já que o wordpress assim o exige.

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Foguetes Antecipados

A televisão pública japonesa, NHK News, diz hoje que o vice-ministro dos negócios estrangeiros da Coreia do Norte garante que, apesar do provável regresso do seu país às conversações multilaterais, o programa nuclear é para continuar.

Kang Sok Ju foi muito claro: a Coreia do Norte não andou a testar armas nucleares para nada; não vai agora abandonar o programa de “energia e defesa” só porque aceitou regressar à mesa das negociações a seis.

O alto diplomata norte-coreano continua, no entanto, a dizer que os Estados Unidos devem levantar os embargos financeiros.

Agora, há um outro pormenor interessante. É que o senhor Kang Sok Ju fez estas declarações em Pequim, na escala do regresso de uma viagem de duas semanas à Rússia, por questões médicas.

Na Coreia do Norte disseram-me que a saúde é de graça. Já os dissidentes que estão em Seul dizem que os doentes devem comprar os próprios medicamentos e que não há sequer electricidade nos hospitais.

Mais, na Coreia do Norte dizem que o povo pode viajar à vontade. Só não o faz porque não há dinheiro, admitem. Mas disseram-me ainda que para evitar injustiças e invejas, o próprio pessoal do governo não viaja tanto nem anda com grandes ostentações.

Facto: na rua só alguns andam de Mercedes. E isto eu vi.

Agora, em relação à saúde. Quantos norte-coreanos terão direito a duas semanas de tratamento médico na Rússia, como o Sr. Kang Sok Ju? Ou a tratamento médico?

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2006 fecha a 6?

Christopher Hill, enviado dos Estados Unidos às negociações a seis sobre a crise nuclear na Coreia do Norte, acredita que ainda antes do final do ano as duas Coreias, Rússia, China, Estados Unidos e Japão devem sentar-se à mesa.

Pyongyang aceitou regressar às conversações a seis depois de ter entrado em black-out, há 1 ano, em protesto contra o embargo norte-americano a qualquer transacção financeira com o Banco Delta Ásia, de Macau.

Até agora, os seis ainda não tinham acertado a data do reencontro. Os EUA, pela boca de Christopher Hill (acusado de alguma fraqueza nesta diplomacia do oriente), dizem que é já em Dezembro. A China ainda não confirmou mas, como também já tinha exigido pressa no retomar das negociações, é bem provável que o reencontro aconteça por alturas do Natal.

Depois dos testes e das ameaças, desenha-se uma consoada com uma digestão feliz?

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Resolução

A Coreia do Sul diz estar disposta a votar favoravelmente uma resolução das Nações Unidas que condene a violação dos direitos humanos na Coreia do Norte.

É uma posição inédita. Por 4 vezes a ONU colocou a esta condenação a votação e por 4 vezes a Coreia do Sul respondeu com abstenção.

Esta resolução, que parece ter agora o apoio de Seul, diz que Pyongyang deve abrir a porta a um enviado especial da ONU para os Direitos Humanos na Coreia do Norte e permitir o acesso total e livre ao país.

A resolução exige, igualmente, que o secretário-geral da ONU apresente um relatório completo sobre as condições de vida da população norte-coreana.

Só desta forma será possível quebrar o segredo.

Não vi fome na Coreia do Norte ou execuções públicas. Mas é certo que uma visita ao país de Kim Jong-Il é algo sufocante, já que é impossível estar sozinho.

Dizem lá que o segredo é a alma da manutenção do real socialismo.

O sistema esconde-se para poder sobreviver, justificam.

Mas se não há atentados aos direitos humanos, por que não levantar a cortina?

Este blog pretende ser plural e aberto a todas as opiniões.

Conto com os defensores e os opositores do regime norte-coreano.

Porque estar calado é tão somente pior, falar é a melhor resolução.

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Como uma bomba

As notícias surgem e desaparecem como uma bomba.

Rápidas e implacáveis. Desaparecem pouco tempo depois do primeiro impacto. As marcas, para os que são atingidos, permanecem, ainda que silenciadas na torre da informação.

Andrei Lankov é um professor russo que dá aulas em Seul. É especialista na questão da Coreia, norte e sul. Escreve para o blog North Korea Zone. E escreveu, há uns dias, que a agitação provocada pelas armas nucleares norte-coreanas está a passar.

De facto, há como que uma nuvem radioactiva nesta matéria. Depois da explosão, o perigo continua lá, mas como lá fica muito longe, lá é com eles.

Cá, em Portugal, também já passou a agitação provocada por Kim Jong-Il. Em Portugal e no resto do mundo.

É por isso que o querido líder continua a testar as armas enriquecidas a plutónio. Para que a memória não se apague.

No entanto, parece que os norte-coreanos estão a ser invadidos pela dúvida.

O jornal sul-coreano DailyNK – sobre os direitos humanos na Coreia do Norte – fala de insurreição no norte da península coreana.  Parece que a população começa a desafiar o regime e as autoridades estão mais fragilizadas.  Já não conseguem impedir facilmente o protesto.

Estive 10 dias na Coreia do Norte. Fiquei impressionada pela incapacidade que os norte-coreanos têm em questionar seja o que for. Miss Kim, uma jovem estudante de inglês, é paradigma dessa inépcia.  Vou falar dela mais à frente neste blog.

O recurso aos testes nucleares, mais do que pôr à prova a paciência da comunidade internacional, parece estar a despertar a interrogação daquele povo.

Assim seja!

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Uma questão de proporção

A imagem mostra o presidente eterno, Kim Il-Sung. Chamam-lhe o grande líder. Percebe-se porquê nesta imagem que captei em Kaesong, em Agosto deste ano.

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Teste (não) Nuclear

Do curto espaço da rádio para a imensidão da Internet, “Coreia do Norte: um segredo de Estado” é nome de reportagem radiofónica que se alarga a este mundo em linha. Para olhar em português o país mais fechado do mundo.

Para os interessados, deixo aqui o caminho para chegar até à reportagem, que foi para o ar a 24 de Setembro deste ano, na Antena 1. Clique para encontrar o Norte.

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